Exaltaçâo a ausente.

Restou de toda dor um devaneio

Alguém inda dirá que é esperança

A dor que ainda dói agora avança

Disfarçada nos vazios dos anseios.

Sua face se esvai em rosto alheio

Seu retrato fugindo da lembrança

A saudade se mostra quase mansa

Mas o peito dispara com receio.

Como um rio corre preso em sua calha

Na rota que comporta suas margens

Enchendo e transbordando quando espalha

A fúria vai sangrando na viagem

A dor deseja o risco da navalha

E o vazio vai formando sua imagem.