A falta de uma ausência
Poderia ser fácil, se ao menos fosse difícil.
Poderia ser dor, se ao menos doesse menos.
Poderia ser amor, se ao menos flores plantasse.
Parece que sente a falta de uma ausência,
sem a presença de um ser.
Parece que recita versos secos,
debaixo de bosques amargos e presos aos seus castiçais.
Parece ser tão igual,
mas as chuvas deste verão
caem mais profundas no manto fechado que
guarda o resgate das faces da sua lua.
E ela deixa e clama.
Flerta e grita.
Parece que os desenhos das maçãs,
as lembram um velho relicário,
preso naquele fim, sem fim.
Ela mesma se mata.
Ela mesma chora.
Ela mesma ama.
Ela mesma odeia.
Ora, quanto martírio traz a ausência.
Somente.
Se é para ser dor, que seja.
Mas que seja baixinha, mansa e calada.
Se é para esquecer, que esqueça.
Mas que as lembranças não a perturbe.
Somente as deixem voar,
pairadamente mansinhas
pelo azulado junto às aves,
para que leve embora desse pranto e dor,
o mais amargo doce.
Marinara Sena
Fevereiro/2011