Déjà vu
Era um certo domingo,
talvez devaneio, confesso.
Fazia frio, a tarde era calada.
Meus pensamentos dos quais
moviam-se aquelas amargas lembranças
deletéricas, pareciam colibris troquilídeos
de cores brilhantes e vistosas.
Tão bom era aquele tempo, do qual pensei
jamais ter existido.
Avistei uma caixa velha, lá
com seus mais antigos anos de vida,
contida nela, retratos vividos e
momentos escondidos
em dias nunca esquecidos.
Com minha memória frágil,
logo tocou meu coração, aquele velho passado,
do qual estive talvez, aonde? Nem sei...
Parei defronte meu próprio retrato.
Mirei a própria face minha..
Eram tão belas curvas,
Eram tantos brilhos refletidos
naqueles cabelos lisos e pretos.
Aquele sorriso, já não parecia mais meu.
Por um momento, queria ter a posse do tempo,
que de tão cruel, obriga-nos a viver cada momento
da vida, que mesmo tão bons que sejam,
jamais viveremos outra vez,
nem de volta,
ao menos por um segundo de milésimos.
A vida é um relógio com pilhas que nunca morrem.
Constantes são as máquinas funcionais dos ponteiros...
Ponteiros estes, que aceleram o tempo.
Cada segundo é tempo demais...
Cada hora é eterna demais pra desperdiçar.
Aquela minha infância que tive, cadê?
Procuro desesperadamente pelos bosques
habitados pelas borboletas do jardim daquele querido oásis,
onde eu imaginava ser, minha casinha de boneca.
Já não tenho mais aquela boneca preferida.
Já não brinco mais de amarelinha.
Já não sou mais menininha.
Agora sou poeta, talvez.
Posso ler as estrelas.
Por essas linhas, desabafo a saudade
dos retratos antigos, dos amores que tive,dos versos que compus.
Tudo ficou tão claro.
Aquele domingo vazio,
Frio..
Adormeci em meio a chuva,
sonhando com meu tempo,
viajando com o vento.
Saudade ficou....
Porque o tempo não volta.