Amor cego

Hoje amanheceu chovendo.

Acordei-me impregnada ao odor da terra molhada.

Olhei pela janela,

avistei um belo romance.

Sonhei que poderia ser tal romance.

Sonhei que éramos meu romance.

Sonhei querendo apaixonar-me por três vezes:

na vida,

na morte,

no sublime da lua.

Sonhei que era um soneto,

impregnado num compasso desordenado,

levemente soado, nos seus braços, eu era.

Lá estavam os pingos daquela chuva

que caíra tão depressa ao mesmo tempo.

Precisava olhar para sentir.

Precisava tocar para amar.

Não conseguia enxergar.

Não era como as estrelas, brilhava,

porém, não amava.

Precisava calar para doar-me.

Precisava do amor de marte.

Era tão doce sentir o bucolismo

da aurora boreal dos teus olhos,

mas aquele doce amargo ficava.

Não era como o vento.

Tocava-me, mas não sentia.

Pela tarde,

o sol escondia-se defronte

minh'alma.

Contei as vezes que o deixei

passar.

Não amei por três vezes.

Amei muito mais que isso.

Apaixonei-me,

nada mais que trezentas léguas.

Ainda que sentisse as chamas desse amor,

porém meus olhos jamais conseguiram sentir-te.

Marinara Sena

2008

Marinara Sena
Enviado por Marinara Sena em 10/02/2011
Reeditado em 11/05/2020
Código do texto: T2783823
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