Amor cego
Hoje amanheceu chovendo.
Acordei-me impregnada ao odor da terra molhada.
Olhei pela janela,
avistei um belo romance.
Sonhei que poderia ser tal romance.
Sonhei que éramos meu romance.
Sonhei querendo apaixonar-me por três vezes:
na vida,
na morte,
no sublime da lua.
Sonhei que era um soneto,
impregnado num compasso desordenado,
levemente soado, nos seus braços, eu era.
Lá estavam os pingos daquela chuva
que caíra tão depressa ao mesmo tempo.
Precisava olhar para sentir.
Precisava tocar para amar.
Não conseguia enxergar.
Não era como as estrelas, brilhava,
porém, não amava.
Precisava calar para doar-me.
Precisava do amor de marte.
Era tão doce sentir o bucolismo
da aurora boreal dos teus olhos,
mas aquele doce amargo ficava.
Não era como o vento.
Tocava-me, mas não sentia.
Pela tarde,
o sol escondia-se defronte
minh'alma.
Contei as vezes que o deixei
passar.
Não amei por três vezes.
Amei muito mais que isso.
Apaixonei-me,
nada mais que trezentas léguas.
Ainda que sentisse as chamas desse amor,
porém meus olhos jamais conseguiram sentir-te.
Marinara Sena
2008