O Vendedor de Picolé

Todos os dias...

Todos os dias,

Sob o sol escaldante,

Logo depois do almoço.

Ao descansar na janela,

Vejo um moço,

De bermuda, camiseta politica,

Um óculos escuro, um boné...

Com o seu carrinho de picolé,

Amarelo surrado,

Segue a pé,

De um bairro a outros,

Gritando, tocando a campainha,

Anunciando - olha o picolé.

Todos os dias...

Todos os dias mesmo,

Faça chuva ou faça sol.

Logo depois do Almoço,

Ao olhar pela janela,

Vejo um velho,

De bermuda, camiseta politica,

Um óculos escuro, um boné...

Com o seu carrinho de picolé,

Amarelo surrado,

Seguindo a pé,

A tantas paragens,

Que nem noé...

As vezes, quando olho o futuro,

Tento compreender quem fez você?...

A indiferença humana,sua opção ou a ausência do Estado?...

Todos os dias...

Todos os dias,

Vejo você baixar a cabeça e se esconder,

Até desaparecer.

Me pergunto, no meio dos entulhos,

Quem é feliz por viver vendo a miséria

Ensinar a morrer o que chamamos de liberdade?