[O Longe Acerca-se de Mim]

É madrugada... acordo.

E outra vez, surgida do âmago da noite,

aquela rosa vermelha já se abriu,

túrgida, em minhas mãos carentes;

o meu ardor vai se esvair em nada...

A noite, os sonhos... avultam os enigmas.

Forçoso me é inverter o argumento:

o que farei para conter esta ânsia

quando o que está longe se aproxima,

e insinua-se em minha mente;

instila-me, lúbrico, o seu veneno,

na boca seca, nas narinas, nos olhos?

Quando a rosa vermelha murchar,

haverá apenas o cansaço inútil,

e o dia vai apenas raiar outra vez.

O Universo distante olvida-se de mim,

a minha ausência nunca será uma falta;

clareia a manhã, clareiam os enigmas!

[Penas do Desterro, 11 de fevereiro de 2011]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 11/02/2011
Reeditado em 11/02/2011
Código do texto: T2785011
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