PERDÃO

Desculpa o pranto que rola do peito,

Desculpa a lágrima que rola do rosto,

Que confesso, me caem a contra-gosto,

Mas são retratos deste meu defeito.

Perdoa a tristeza que estampada está

No mais íntimo da minha alma dorida.

Ela é o retrato de quem levará

O remorso por toda a sua vida.

Vê em meu rosto o espelho da amargura,

A solidão, a dor, a esperança iludida,

O tédio dos que foram,

Dos que virão a agrura

E perdoa esta minha desventura...

Chorar, só sei chorar.

Falar pra quê? Não sei!

Mas sei que esta tormenta inglória

Fará de mim o que um dia serei.

E quando chegar a hora

Em que eu tiver vencido,

Só deverei a alguém

E só a ti terá sido.

Áurea Gomes
Enviado por Áurea Gomes em 15/02/2011
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