PERDÃO
Desculpa o pranto que rola do peito,
Desculpa a lágrima que rola do rosto,
Que confesso, me caem a contra-gosto,
Mas são retratos deste meu defeito.
Perdoa a tristeza que estampada está
No mais íntimo da minha alma dorida.
Ela é o retrato de quem levará
O remorso por toda a sua vida.
Vê em meu rosto o espelho da amargura,
A solidão, a dor, a esperança iludida,
O tédio dos que foram,
Dos que virão a agrura
E perdoa esta minha desventura...
Chorar, só sei chorar.
Falar pra quê? Não sei!
Mas sei que esta tormenta inglória
Fará de mim o que um dia serei.
E quando chegar a hora
Em que eu tiver vencido,
Só deverei a alguém
E só a ti terá sido.