Serinã Waiãpi
Índia...
Índia mãe...
Veio descansar a dor,
A dor da esperança na maternidade,
A convite das autoridades.
Nos cômodos frios da mãe Luzia,
Quarta feira nascia,
A luz dos Aramirã.
Lá fora os carros e sons ao silêncio não obedeciam,
Mas o sabiá do alto da mangueira se rendia ,
Entoava maviosamente sua poesia,
Homenagem que a chuva fina também fazia.
Serinã ninava no colo,
A fome do solo,
Que o pequeno guerreiro não teimava em conquistar.
O filho do ventre,
Já começava ao mundo entoar
Que a vida nele veio para ficar.
No entanto, a covardia humana,
Valeu-se da inocência,
Pra poder zombar.
Tirou indiozinho, do colo da mãe,
Debruçou seu corpo no calor do perigo,
Se fez amigo para furtar.
Serinã sem saber de nada,
Feito mãe enganada...
Agora pede entre lágrimas,
Chora incessantemente,
Pede o seu bebê incomedidamente.
Olha pela janela,
Olha pra todo mundo
E com as lágrimas...
Pede a Deus pra essa dor no peito aliviar.
Foi o homem da cidade!...
Foi branco,
Foi o mal
Que veio ao canto arguto
Tomou o filho do ventre,
Da índia nova
Para extipar.
Serinã...
Definha, enquanto o seu filho,
Não voltar.
É muita dor,
É dor de morte,
Que agente nem pensa em passar.