Do oco ao eco.
Há tanto e tão pouco
E há o que é somente oco,
Eco abominável da voz que agora é ausente.
É tudo um joguete de palavras já usadas,
poesia indefinível, desgastada.
sem parêntesis, reticências, ou assunto,
Que por enquanto é o nada.
Transformação do oco em eco.
Desafetos que te foram jogados de longe,
Hoje te atingem como a um qualquer,
Logo quando já não merecias seres atingido.
É a sorte traiçoeira de um passado mal enterrado,
Que ressurge, que transborda, transmitindo a doença
fecundada na tristeza.
E o teu caminho já não tem volta,
E à tua frente somente o que já é término.
O céu que agora é azul e sem nuvens,
É o inverso do teu destino mergulhado em sombras.
E se aproxima, aproxima-se, aproxima-se.
No êxtase desse momento,
Quando és tu, o abismo e eu,
És tu que sais flutuando,
É o abismo que se abre longe do corpo teu,
Pois o corpo que nele tomba,
Ah! O corpo que nele tomba é o meu.