Chuva Caindo

Chuva caindo!...

Folha molhada

Lagoa formada,

Gapó inundado,

Vaga lume a espreita no capinzal.

Se há hora pra recital,

Eis que a noite vencendo o dia,

Expõe a lua,

Harmoniza suave a flor,

Pois que a orquestra não tardia.

Olha lá!...

O sapo a beira do gapó compondo,

A cigarra rogando,

Grilo resenhando a melodia.

Olha lá!...

No fundo do teu quintal,

A chuva caindo.

As flores dormindo...

E o sabiá no alto da mangueira

Versando a fina poesia de vida.

Chuva caindo!...

Cheiro de mato,

Terra molhada,

Poças d’ água.

Vejam, à luz do luar...

Orquestra formada...

Vagas lumes incendeiam na estrada,

Sapo cururu coaxa,

Grilo cricrila,

Coruja pia,

Enquanto a criança é embalada na rede.

Chove forte no telhado,

Da casa de madeira,

Chove na rua inteira.

Fartos versos saem da cumeeira

A elevar a alma de saudade.