A última vez
Ex amor!...
Onde possas me ouvir,
Perdoas à ignorância dessa menção,
Ainda que não te tenhas visto em paixão,
Recordo-te em comunhão...
Nossas filhas,
Nossas obras eternas,
São marco de visão.
Por instantes sou grato
E guardo de ti como última aparição,
O dia, em que o teu corpo revelou-me a dor da situação.
Não havia escadas,
Não havia água...
E a luz era tão escassa...
Como se a gente estivesse na encruzilhada do nada,
Como se o limite limitasse até as mãos...
Essa desgraça não queria para nenhum cidadão,
Infelizmente é o contrato dos miseráveis com a burguesia.
Sob o verbo da poesia de um último suspiro
Vi o mundo cair, havia agonia no sorriso das minhas filhas.
Pude sangrar motivado pela tua luta,
Perguntei a Deus perguntas absurdas.
Da mulher bem sei o homem que te dei,
Não fui a tua metade,
Faltei com a verdade...
Não te amei.
Penso que por causa da idade
Faltou-me amadurecimento.
Ma só lamento não poder ver quão
Forte foi a voz do querer.
Na ordem dos compassos,
Quando te vi jurar a morte,
Em branco e roxo;
Em hinos fúnebres de dores cinza e
Vestes tristes de lágrimas de perdas.
Calei-me a alma procurando entender a tua partida.
Não havia versos livres,
Pois as bocas se entregaram as orações.
Não houve pecado sem redenção
E os livros são sentidos em ficções,
Pois que a dor, a dor doida,
É tão sentida que nem em quadro podemos descrever.
Ao redor, entre os olhares e a incompreensão da tua falta;
Entre a chuva fina e a terra molhada,
Cujos pássaros das árvores secas ao entardecer,
Não poupavam elogios;
Cujas flores entregues, semi apagadas não versavam, a cor ou o perfume de ti,
Enobreciam a tua despedida.
Não fostes da realeza, ouro ou baronesa,
Mas tu, num último adeus,
Parecia dormir sem medo,
Sem feridas, como uma princesa.