DA MINHA CARNE O1
DA MINHA CARNE. O1
Da minha carne,tu terás os vermes,
Isso que somos quando tudo finda.
E esse gozo que vez por outra é teu,
Esse corpo que a tempo se perdeu,
Terás também!
Terás esse barfo quente,
Essa lingua firme,
Essas palavras falsas,
De acalentos e ternuras cruas.
Essa geometria apalpável,
Terás esse tronco,
Terás pra teu gozo,teu uso,
Terás todo sumo.
E serás,
Dele senhor!
Mas de mim, maldito!
Mas de mim...
Terás o desprezo,
De mim não carne.
Terás a solidão!
Terás esse cinza que chega como os dias nublados,
Terás tamanha dor, feito que parir.
Terás essa onde de mar que não cansa de bater nessa pedra,
Que o tempo a possuiu estranho.
Terás estranheza do eu espirito.
Sim...
Serei estranho a te.
Que de mim, só teve corpo.
Só quis corpo,sexo!
Eu espirito sou...
Sou o eu eterno...
Sou pra sempre...
Da minha carne, terás!
Da minh’alma, nada.