FIM DE VERÃO I-XV
FIM DE VERÃO I
(Para Whisner Fraga)
PORQUE SOU VATE
POR SER AEDO
A VIDA PARA MIM UM VATICÍNIO
QUIS SER QUIESCER CRESCER
DESCER
PROFECIAS PROMETI PORÉM FALHEI
DESSAS PROMESSAS EM VERSOS ME ESQUIVEI
TENTEI CANSEI ESTIEI
PASSEI
MINHA PARÁBOLA NUNCA FOI MAIS QUE DELÍRIO
ESPERARAM DEMAIS, POBRE DE MIM
DESAPONTEI OU AGRADEI ASSIM
PORQUE AFINAL NINGUÉM MESMO QUERIA
SORRIA DIZIA MENTIA
NÃO SENTIA
QUE EU ME DESTACASSE PORQUE SOMBRA ERA
MELHOR QUE FORA BOBO OU BESTA-FERA
TOLERA ANTERA ESPERA
ALTERA
DE QUEM A CLASSE TODA ZOMBARIA
BEM QUE QUISERAM
ME FAZER PALHAÇO
FIM DE VERÃO II
NOVA ESTRELA
ABRE NO CÉU
OUTRA ILUSÃO DE QUE LÁ EXISTE BRILHO
NÃO MAIS EM AMARELO QUE MILHO
TRILHO
AS ESTRELAS SÃO BURACOS NO TEU MANTO
QUE ESCORREM UMA A UMA DE MEU CANTO
ENCANTO SANTO ESPANTO
PRANTO
É O CORAÇÃO QUE A CADA NOITE ENSILHO
E BUSCO DESPERTAR ALMA SINGELA,
GRITANDO AMOR DAS GRADES DA JANELA,
SEM QUE EU ESCUTE NEM MINHA PRÓPRIA VOZ
FEROZ ILHÓS ALGOZ
ATROZ
NADA RESSOA EM MEUS OUVIDOS ENCERADOS
EM MOUQUIDEZ ASSIM DELIBERADOS
RECUSADOS DEVOLVIDOS ESCUTADOS
SEM AFAGOS
MEUS VERSOS CABEM EM CASCA DE NOZ
E NÃO HÁ RIO
QUE LEVE AO QUARTO DELA
FIM DE VERÃO III
RELHO DE LUZ
CONTRA O INFINITO
AS ESTRELAS PONTOS NEGROS CONTRA O BRILHO
ENSILHO ATILHO RODILHO
TORDILHO
COMO COBRA DE CEM PATAS A VOAR,
COMO ESCORPIÃO CANORO A DESLIZAR
NO AR NO MAR SEM PAR
VOGAR
COMETAS EU RECOLHO COM DENTES DE RASTILHO
SÃO COMO MEUS CABELOS NESSE BANHO,
MULTIPLICADOS EM NOVEL TAMANHO
A CADA GOLPE QUE O ANCINHO DÁ
PRA CÁ ACOLÁ PRA LÁ
ESTÁ
NADA MAIS DO QUE UM PINGO DE LUA MORTA
SANGRANDO E GOTEJANDO SOMBRA TORTA
DE NEGRA LUZ QUE INDUZ MAL SE DEDUZ
QUE É CRUZ
E EM CADA ESTRELA UM NOVO GOLPE DOU
NESSA LUZ NEGRA
EM QUE MEU CÉU MUDOU
FIM DE VERÃO IV
COMO RÉSTIA DE CEBOLA
MEU DESTINO
DESCASCA PALMO A PALMO E SE RENOVA
APROVA A PROVA AO LADO
ALADO
AS PELES SAEM MAS POR BAIXO SURGEM
TANTAS QUANTAS AS MÁGOAS NOVAS URGEM
QUE SÃO OU ESTÃO NÃO ESTÃO
NÃO SÃO
MAIS QUE UM PELAME RETIRADO PELA ESCOVA
TAIS SENTIMENTOS DESCASCADOS NUS
QUE REPETIDOS TORNAM-SE MAIS CRUS
AZUIS DE EMBATES TANTOS PENSAMENTOS
PORTENTOS LENTOS ASSENTOS
VENTOS
VOLTADOS TODOS PARA TI, AI, DAMA AZUL,
DESPIDOS DE QUALQUER PRAZER EXUL
ANIL SENIL ANEL
VIRIL
NÃO OBSTANTE, SÃO MEUS OS SENTIMENTOS
COMO CASCAS DE CEBOLA
ENTRE MEUS DEDOS
FIM DE VERÃO V
UMA CABEÇA DE ALHO
BROTOU EM MINHA COZINHA
NO FUNDO DO ALGUIDAR, SOB AS BATATAS
BATAS ESPATAS CATAS
VERDES MATAS
EM QUE TRÊS BROTOS CHEIOS DE ESPERANÇA
SE LANÇAM PARA O AR NA ANTIGA DANÇA
BALANÇA SOB A PANÇA A TRANÇA
DA ESQUIVANÇA
DESSA DICOTILEDÔNEA MALFLORIDA
AS CABEÇAS DE ALHO QUEREM VIDA
DIFICILMENTE VÃO ENCONTRAR GUARIDA:
A VIDA É TRISTE PARA AS HORTALIÇAS
TRELIÇAS ATIÇAS ROLIÇAS
LIÇAS
NÃO SE DESTINAM PARA A EXISTÊNCIA,
SÃO DEVORADAS NO VIGOR DE SUA POTÊNCIA
TENSA IMPOTÊNCIA DENSA
ARDÊNCIA
OU MORREM MURCHAS SEM QUE DIGAM MISSAS
PELO CHEIRO FORTE DESSAS ALMAS
DOS DENTES DE ALHO
FIM DE VERÃO VI
FUI COLHER FRUTA
NO ARBUSTO DA POESIA
EM QUE JÁ TANTA VEZ BUSQUEI SUSTENTO
TENTO ALENTO SENTO
AO VENTO
EM MINHAS MÃOS SÓ ACHEI UM CARAMUJO
COM SEU LABIRINTO ENIGMÁTICO, CUJO
SUJO SABUJO FUJO
E MUJO
BOVINAMENTE A ZOMBAR DO SENTIMENTO
DE ASSOMBRO ANTE MEU MUNDO DE MENINO
QUE SÓ CRESCEU POR FORA E PEQUENINO
PERMANECE POR DENTRO E QUER CARINHO
ALINHO ARMINHO VINHO
DE AZEVINHO
MAS É GRANDE DEMAIS, TIDO POR FORTE
E SÓ LHE CABE EM ZOMBETEIRA SORTE
CORTE DA MORTE PORTE
DO ESPORTE
DE BEIJAR COM GENTILEZA O PRÓPRIO ESPANTO
QUE LHE DÁ TUDO
MAS NÃO CARINHO
FIM DE VERÃO VII
PARAFERNÁLIA
OCORRE QUANDO DURMO
TODOS OS VERSOS ESCONDIDOS NOS POEMAS
SERENAS SEMAS PEQUENAS
GEMAS
ACORDAM PARA A VIDA EM SARABANDA
E DANÇAM SOBRE MIM NUMA NEFANDA
BANDA CALANDRA MANDA
DESMANDA
ORGIA DE INVASÃO DE MEUS SISTEMAS
POIS QUEREM VIR À LUZ ESTAS ESTROFES
SEM SE IMPORTAR ASSIM QUE DELAS MOFES
PREFEREM SER MOFADAS QUE MOFAR
CANTAR PRANTEAR CHORAR
AMAR
ABSOLUTAMENTE PERDIDAS DE DESGOSTO
NA LASSITUDE DE UM AZEDO MOSTO
NO COLOSTRO IMPOSTO EM CONTRAGOSTO
EXPOSTO
EM QUE SÓ FICAM POEIRA DOCE A ACUMULAR
PARA JANTAR
DAS TRAÇAS, AFINAL
FIM DE VERÃO VIII
A FLOR INCÓLUME
É INCOLOR,
COMO O BEIJO QUE NÃO TIVE DE MINHA AMADA
CANSADA ALADA ESCADA
ATADA
POR MINHAS ESPERANÇAS TÃO SOMENTE
SEU OLHAR JÁ NUBLADO E INDIFERENTE
PREMENTE SENTE ARDENTE
MENTE
A CHAMA RUBRA FAZ-SE DESBOTADA
INCÓLUME ESSA FLOR PORÉM EU NÃO
PELO CÂNCER QUE BROTOU NO CORAÇÃO
EM ESTILHAÇOS REBROTOU MEU CANTO
SANTO PRANTO MANTO
ENCANTO
A RECOMPOR DAS PÉTALAS SINGELAS
DA FLOR INCÓLUME MAS DESFEITAS ELAS
BELAS TELAS NELAS
ESTRELAS
TANTAS QUANTAS AS LÁGRIMAS NO ENTANTO
POR INCÓLUME SER
E NÃO QUERER
FIM DE VERÃO IX
EM GÁS EXPLODE A ALMA
E SE ENVENENA
A ATMOSFERA DE TANTA MESQUINHEZ
FREGUÊS DE PEZ NOS DÊS
NUDEZ
NESSA EXPLOSÃO COMPLETA DE MISÉRIAS
CONCRETAS DESSA ALMA, NADA ETÉREAS
AÉREAS EGÉRIAS SÉRIES
EM FÉRIAS
PRETENDENDO ABSTRAÇÕES E INSENSATEZ
MEU CORPO É INSTRUMENTO E AVE CANORA
MEU CANTO SAUDAÇÃO A MEU OUTRORA
QUANDO OS DEUSES REMEXIAM NO SEU CHÁ
MAS ACOLÁ AINDA HÁ UM TANGARÁ
QUE AGORA ESTÁ
CUSPINDO NESSAS FOLHAS MEU DESTINO
DECLARADO DESDE OS TEMPOS DE MENINO
LADINO SINO MOFINO
ENSINO
COM COLHERES DE OURO E O RISO ESTÁ
EVANESCENTE
NOS SEUS OLHOS
FIM DE VERÃO X
E A NOITE EXPLODE
EM PLACIDEZ DOLENTE
COMO CHUVA DE PRATA ALUCINADA
ARMADA ESPADA ANSIADA
AMADA
A NOITE PINGA E CADA PINGO ESTRELA
FORMA NO CÉU BURACOS NESSA TELA
REVELA NELA FIVELA
BELA
PELO CINTO METEÓRICO AMARRADA
MAS QUANDO A MENTE EXPLODE NÃO HÁ LUZES
POR MAIS QUE DOR COM SENTIMENTOS CRUZES
A MENTE EXPANDE OPACA CHUVA DE OURO
MOURO ESTOURO LOURO
DESDOURO
PARA UNS ENXAQUECA, EM OUTROS, VERSOS
ESTILHAÇADOS NOS POEMAS MAIS DIVERSOS
DISPERSOS TERÇOS INVERSOS
BERÇOS
ONDE SE SUGA A LUZ EM SOM IMORREDOURO
BROTAM SEMENTES
DE TORTURADOS VATES
FIM DE VERÃO XI
EM REPENTINA
ESFACELADA JÓIA
ESMAGADOS OS RELÂMPAGOS DAS HORAS
DEVORAS AMORAS DEMORAS
CORAS
SE TRANSFORMA NA POEIRA DE MEUS SONHOS
QUE MAIS RELUZEM QUANTO MAIS BISONHOS
RISONHOS MEDONHOS TRISTONHOS
CONTRASSONHOS
MIL DESEJOS INSERIDOS NOS EMBORAS
E A JÓIA MAGRA PERDEU-SE NESSE GRITO
PORÉM SEU BRILHO É RENOVADO NO INFINITO
POIS CADA FRAGMENTO É JOIAZINHA
MESQUINHA LINHA CONTINHA
MINHA
CINTILANTE EM LAMPEJOS DE ARENITO
VACILANTE NO BASALTO MAIS AFLITO
INCITO GRITO MEDITO
ESCRITO
EM QUE MAIOR BELEZA SE ADIVINHE
A CADA DEMOLIR
DE UM SONHO ANTIGO
FIM DE VERÃO XII
QUANDO O DESEJO
SE DERRAMA EM SEDE
OS FIOS SE ESTENDEM COMO AZUL ESTRELA
VELA AMARELA BELA
SINGELA
EM DESUSADO ESPLENDOR DE DESAFIO
QUE PODE SER MAIS DESAFIADOR QUE UM FIO?
BRIO ARREDIO FRIO
ARREPIO
O MUNDO INTEIRO ABRANGENDO EM PASSARELA
E NO FINAL EM PLENO ENTENDIMENTO
O CORPO INTEIRO ESTUANDO EM SENTIMENTO
COMO DO SOL A VIRIL FECUNDAÇÃO
CORDÃO DE AÇÃO CONDÃO
MONÇÃO
TORNA-SE VERDE E EM CADA FOLHA CRESCE
SOBRE MEU CORPO O MESMO SOL FLORESCE
DESCE ESQUECE PRECE
TECE
NESSE FLORÃO DE LUZ DA INSPIRAÇÃO
EM QUE O POEMA
SE TORNA REFEIÇÃO
FIM DE VERÃO XIII
QUERIA TANTO
ESTAR COM ELA AGORA,
SENTINDO DE SEUS BRAÇOS A CARÍCIA
BLANDÍCIA IMUNDÍCIA PUDICÍCIA
PÍFIA
TER O SEU CORPO ESTRANHO JUNTO AO MEU
SEUS CABELOS ESPALHADOS COMO VÉU
ARPÉU DO CÉU AO LÉU
SOU SEU
SUAS PALAVRAS MURMURANDO COM PERÍCIA
SABENDO JUSTAMENTE QUAIS SERIAM
QUE MAIS FELIZ E POTENTE DEIXARIAM
SEM MENCIONAR CRUELDADES E AMARGURAS
DURAS AGRURAS PURAS
PERFURAS
QUE SÓ ESTIOLARIAM MEU DESEJO
COM TODA A ÂNSIA SILENCIOSA DE MEU BEIJO
VEJO ADEJO PEJO
ALEIJO
NA RÉCITA DAS PENAS MAIS IMPURAS
POR SUAS LOUCURAS
ALMEJO ESTAR COM ELA
FIM DE VERÃO XIV
EU JÁ SEGUI
O CAMINHO DOS PALHAÇOS
FINGINDO UM ATOR SER E SALTIMBANCO
BRANCO TAMANCO TRANCO
FRANCO
EXIBI-ME NOS PALCOS E CANTEI
VIOLONCELO E SAXOFONE EXECUTEI
PAUTEI SEM LEI FIQUEI
PAREI
SIGO O DESTINO DE UM POETA MANCO
SOU UM MONTE DE VERSOS SEM HISTÓRIA
TENHO UMA PILHA QUAL MONTE DE ESCÓRIA
TALVEZ DEVESSE A CINZAS REDUZIR
CUMPRIR AGIR FRANZIR
ESPARZIR
TALVEZ OS FRAGMENTOS DE UNS QUINHENTOS
OU MAIS POEMAS CRIADOS SEM TALENTO
ALENTO PORTENTO ATENTO
ESQUENTO
QUE SOBRE OS OUTROS INSISTO EM IMPINGIR
FORMASSEM BOA SERRAGEM
NO PICADEIRO
FIM DE VERÃO XV
EM ESPANHOL
EXISTEM MUITAS RIMAS
QUE NÃO ACODEM NA LÍNGUA PORTUGUESA
RIQUEZA ALTEZA POBREZA
NOBREZA
E TALVEZ ATÉ DEVESSE ME ATREVER
A NOVOS VERSOS EM TAL LÍNGUA ME PERDER
SOFRER TEMER PODER
GEMER
MAS O OPOSTO É VERDADEIRO COM CERTEZA
QUE EXISTE EM PORTUGUÊS GRANDE BELEZA
QUE NÃO SE ENCONTRA DE CASTELA NA LHANEZA
MAS SE ME ATREVO EM INGLÊS A ESCREVER
DEVER PERCORRER CONTER
ESPAIRECER
É PORQUE TENHO PRETEXTO E UM PROFESSOR
TRABALHAR DEVE EM SUA ÁREA DE LABOR
ARDOR AMOR SEXOR
TERROR
E NÃO A ALHEIA LÍNGUA SE RENDER
MAS O ESPANHOL
É BELO MESMO ASSIM
FIM DE VERÃO XVI
QUANDO VOLTAR O REI
SERÁ MELHOR O MUNDO
SE FOR SISTEMA PARLAMENTARISTA
REVISTA VISTA PERSISTA
CONQUISTA
PRECISA O POVO DA FIGURA DE PROA
A QUEM POSSA RESPEITAR E CANTAR LOA
QUEM SOA COROA QUEM VOA
PERDOA
EM CUJA AUSÊNCIA ESCOLHE UM POPULISTA
QUE SERÁ MAIS QUE EM METÁFORA COROADO
E SOBRE QUEM O IDEAL SERÁ LANÇADO
MAS QUANDO O REI VOLTAR COM DIGNIDADE
SAUDADE ABADE VONTADE
ALACRIDADE
O POVO INTEIRO ACEITARÁ UM IDEAL
NO QUAL O MÉRITO SERÁ COISA NATURAL
FANAL SOCIAL MORAL
IGUAL
POR MAIS QUE MINTAM SOBRE A IGUALDADE
ESSES QUE QUEREM
SER PEQUENOS REIS
FIM DE VERÃO XVII
O MUNDO RECOMPENSA
O QUE SE ENCONTRA À VENDA
POR ISSO RECOMPENSA DE POESIA
FANCARIA DE FOLIA EXTASIA
A NOSTALGIA
DEPENDE MUITO DE SUA EXPOSIÇÃO
TODAVIA HÁ TANTOS VERSOS SEM RAZÃO
SEM PERDÃO SEM CORAÇÃO SEM ILUSÃO
SÓ FALSIDÃO
QUE O MERCADO RARAMENTE ACEITA
POR SEU VALOR FACIAL UM VERSO NOVO
SEM GARANTIA IMEDIATA DE RENOVO
DO CAPITAL EMPREGADO NA INICIAL
FATAL NATURAL CABAL
FINAL
POR ISSO NÃO ME EXPONHO A AVALIAÇÕES
DESSE COMÉRCIO AFINAL DE CONDIÇÕES
SENSAÇÕES RAZÕES PERCEPÇÕES
SEM ILUSÕES
DE QUE VÃO APRECIAR MEU CABEDAL
APENAS HONRO ESSES QUE VEEM A LUZ
DO MEU FANAL
FIM DE VERÃO XVIII
(Para Davenir Klagenberg)
EU TINHA UM AMIGO
QUE ERA POETA DE BRINQUEDO
OU PELO MENOS ELE ASSIM O DIZIA
SORRIA FINGIA SENTIA
FAZIA
VERSOS BONS TINHA MAS SEM GRANDE BRILHO
E EU NESSA ÉPOCA NEM SEGUIA O TRILHO
ENCILHO MARAVILHO ATILHO
PERFILHO
E TRATAVA COM RESPEITO O QUANTO LIA
HÁ VINTE ANOS NÃO ENCONTRO MEU AMIGO
NEM SEI SE AINDA PERSEGUE O IDEAL ANTIGO
CONTUDO UM DIA COMECEI A VERSEJAR
CANTAR CHORAR PENSAR
PRANTEAR
SEM QUE ME INFLUENCIASSE POIS SEQUER
LEMBRO UMA LINHA DOS VERSOS QUAISQUER
MISTER QUISER MULHER
MALMEQUER
QUE ELE REDIGIU EM SEU CANTAR
SOMENTE RECONHEÇO QUE TAMBÉM EU SOU
NADA MAIS QUE UM POETA DE BRINQUEDO
FIM DE VERÃO XIX
MAIS SERIAMENTE
ME VI FORÇADO
A PASSAR POR ENTRE AS NUVENS MEU RASTILHO
EMPILHO MILHO ENCILHO
O BRILHO
DIZIAM NO MÉXICO SEREM LÁGRIMAS DO SOL
E ADORAVAM O MILHO COMO UM DEUS
OS RÉUS ATEUS ARPÉUS
SÃO MEUS
DEUS ESFOLADO ERA A ESPIGA NUA
PRISIONEIROS ESFOLADOS PELA RUA
ERAM POSTOS A CORRER ÀS CHIBATADAS
ATÉ MORREREM, AS FORÇAS ESGOTADAS
ALADAS BADALADAS AMADAS
ESPADAS
ADORAVAM A ABÓBORA E A BATATA
BASE SAGRADA DE SUAS REFEIÇÕES
EMOÇÕES SEDUÇÕES PERDÕES
CANÇÕES
E É MAIS SÁBIO ADORAR O ALIMENTO
DO QUE ESSAS IMAGENS DE GESSO
SEM ALENTO
FIM DE VERÃO XX
CHEGADO O OUTONO
EM TONS DE RUBRO E OURO
O SOL E O VENTO ENTRAM EM CONCURSO
COBRE ARRANCA BRONZE
ESPANTA
OS RESTOS DO CALOR DESSE VERÃO
EMPREGA O SOL NA PALETA DE SUA MÃO
RAZÃO AÇÃO PERDÃO
EM VÃO
PERDEM A SEIVA A POUCO E POUCO AS FOLHAS
VÃO RODOPIANDO COMO SACA-ROLHAS
ENQUANTO O VENTO REFOCILA DE MANSINHO
GERA UM CILINDRO QUAL UM REDEMOINHO
ANCINHO NINHO CAMINHO
VINHO
O SOL AINDA BRILHA EM PALIDEZ
MAS É O VENTO QUE DOMINA OS ARES
MARES ESGARES PARES
AZARES
E AOS POUCOS PERDE O SOL A SUA PAIXÃO
ENQUANTO O VENTO SILVA
E JÁ DOMINA
ESTE VERÃO