Jardim de Mármore


I
Metamórficas rochas
Alvas as palavras
No interstício das coisas
Habita a semântica
O vazio da substância
O silêncio, a crisálida
“Deus o Diabo e a física quântica”


II
Caminha no jardim de mármore
O Poeta Peregrino
Masculino e deverás feminino
Íris, ares cristalinos
Sagitário do Olimpo
Atira setas em versos
“Eis o homem”


III
Entre o sagrado e o profano
O incomensurável humano
Após o nietzscheano
A Profana Via Sacra
Via crucis dos poetas
Na risca a meta
“Da arte de não esperar”


IV
Criador, criatura delirante
Sob a palma das mãos
Milhares de micro-cosmos
Concretizados ao papel
Neoconcreta brasilidade
Ao confundir traz claridade
“Receita para fazer criança”


V
Passeia, os pés descalços
Pisa flores de mármores cintilantes
Flutua entre cristais cortantes
Miríades de lâminas lançadas
Que são suas palavras
Poesia exortada
“Sangradas Escrituras”


VI
Mago imanente
Queima o incenso
Exala o sândalo, traz o bálsamo
Dilata, transforma
O poema em espaço
“Contra o pássaro”


VII
Rey dos jardins
Etéreos jardins de mármore
Captura o avesso
Levando o círio aceso
Interpela Deus
Sobre leves sutilezas
O “Princípio da Incerteza”







Em memória do meu querido vovô, o Mestre em imanências,  jornalista, escritor e poeta Reynaldo Jardim.