E eis que há chuvas no mar...

E a chuva que cai imensa sobre o mar,

mistura nuvens à procura de um lugar,

ousando melodias e, em seu estranho cantar,

soluça espumas - névoas pelo meu olhar.

A chuva, pelo mar, em toda a intensidade,

ao aspergir, insana, restos de saudades,

recolhe ares de todas as eternidades

e nada ondas revoltas ao querer pousar.

Sobem aos céus os mais ínfimos segredos,

ressoam ecos úmidos destes meus medos

e cai uma gota, única, como a esperar...

Todas as outras gotas, de tristes temores,

navegam por rumos de perdidos desamores

e cobrem-se pranto, nas areias, a descansar.

Todos os sonhos adormecem, e já molhados,

são murmúrios de outros sons desenrolados,

refletem-se e roubam, em brilhos prateados,

desordenados vôos de ilusões fugidas,

as luzes do mar, esta alma e outra vida.

E chorem lágrimas a vagar,

pelas chuvas que caem no mar...

Ida Satte Alam Senna
Enviado por Ida Satte Alam Senna em 04/11/2006
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