Jardins e areias

Acendo o meu cigarro na varanda

Olhando as plantas do jardim que nós fizemos.

Cai a noite e com ela a chuva branda

Mas só floresce tudo aquilo que esquecemos.

Escrevo uma poesia num rascunho

Atrás de um doce do seu beijo que marcou

Todas as folhas que cairam em fim de junho

A cada ano em que você desbrochou.

Já não importa se o verde é a esperança

E estas são coisas que eu já nem percebo mais:

Todas as flores que me trazem sua lembrança,

A sinfonia desvairada dos pardais.

Ái quem me dera se esta chuva aqui agora

Fosse um lamento de tudo que chega ao fim.

Pois quando não é o orvalho, sou eu quem chora

Ao ver se transformar em deserto o meu jardim.

Geraldo Lys
Enviado por Geraldo Lys em 26/02/2011
Código do texto: T2817039