POR ISSO CHORO

Choro!

Choro o meu pranto

Choro o tão contido

Choro o que não me permito

Choro o que nunca me permiti

Choro o que sempre engoli

Choro o que sempre segurei

E nesse pranto fui equilibrista

Mas chorando, caí da corda bamba

Me entregando ao choro

Ao choro chorado

Choro tão guardado

Choro que de tão esgotado

Agora chora em prantos

Chorando, chorando, chorando

Descontoladamente eu choro

Sem conseguir parar de chorar

Eu vou chorando e chorando

O pranto que só eu sei

O choro de tudo que me dei

O choro de tudo o que perdi

O choro de tudo que me foi prometido

O choro do nada que não me foi cumprido

Choro os sonhos que não realizei

Choro os sonhos que não me foram realizados

Choro o que pensei que seria e não foi

Choro o pranto da luta em vão

Que chorando tentei salvar

E que inutilmente chorei

Chorando todas as lágrimas

Lágrimas inundantes e chorosas

Lágimas que já não escorrem do chorar

Lágrimas que saltam distante do pranto

Lágrimas salgadas e amargas que chorei

Lágrimas de sangue de tanto pranto

Lágimas das feridas que ainda choro

Lágrimas da dor que não cicatriza

Lágrimas de um amor que não amo mais

Lágrimas de um amor que não existe mais

Por isso choro, por um amor que se acabou

E chorarei e lamentarei o choro eternamente

Chorando por uma vida, que se desestruturou e se desmoronou!...

Maysa Barbedo
Enviado por Maysa Barbedo em 04/11/2006
Reeditado em 12/11/2006
Código do texto: T281755
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