Poema Chinfrim

Esse poema roto, gasto, chinfrim

Pula de mim...

Que também sou assim.

Gosto daquele jeans surrado,

Do tênis velho e rasgado que me confortam os pés.

De sentar nos banco das praças a observar madrugadas festeiras,

Conversar com o cão desconfiado que me olha de soslaio pronto para fugir.

Ouvir o canto da noite, os bêbados e suas proezas, a sirene apressada que corta a rua marginal, e dobra para o hospital.

Nada melhor que o cachorro quente daquela esquina,

A cerveja gelada daquele isopor, o batom borrado daquela menina

Que já nem lembra quem lhe beijou.

Caminhar até a praia numa noite de verão

Escrever versos na areia

E deixar que ondas implicantes, os engula. E voltem debochadas.

Ver passar o catador de latinhas, o catador de papelão, o catador de ladrão em sua viatura.

A noite também passa como uma ladra do tempo,

Eu fico...

O poema chinfrim me acompanha,

Sacudo a areia do velho tênis,

Desdobro a barra da calça jeans surrada

E seguimos pela calçada

Jogando versos ao vento.

Laura Duque
Enviado por Laura Duque em 01/03/2011
Código do texto: T2821350