Meditações no cerrado

I

uma borboleta me distrai

asas no ar

uma floração de cores

se espalhando

no espaço

nada sei do mormaço das cidades

nem das janelas fechadas

aqui as tenho abertas

escancaradas para o mundo

um sol

um chapéu

joelhos dobrados

de cócoras acendo um cigarro

um sol que arde

vermelho como um tição

chicoteia nas calçadas

e na moleira dos que passam na rua

e eu gosto de ficar assim

a fazer nada

quietinho à sombra duma árvore

observando o trabalho silencioso

das formiguinhas

escavando caminhos

aprendendo

com os

calanguinhos

o prazer de tostar

com as pedras

ao sol.

***

Alex Canuto de Melo
Enviado por Alex Canuto de Melo em 01/03/2011
Reeditado em 08/07/2011
Código do texto: T2821918
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