O estranho silêncio da senhorita Vogler
O que lhes contarei ocorreu nas frias e longínquas plagas suecas
Sou a enfermeira Alma e contar-lhes-ei tudo o que aconteceu
Trata-se da senhorita Vogler e ela ficou em silêncio por mais de um minuto naquele teatro
Um longo, longo minuto que deixo-nos atônitos, pois interrompeu seu belo ato
Repentinamente; ela parecia estar surpresa com esse fato
Como é possível ser uma só e outras tantas?
Diante da platéia curiosa e atônita
Sorriu com a boca e se esquivou
Para trás da gélida cortina rubra, então...
... Viu-se nela um semblante infantil, um leve prazer
E um olhar maligno um tanto estranho, já sentada em seu camarim
Desde o início, sabia que nada poderíamos fazer
Por ela; o seu silêncio profundo e sua inanição
Foram tomados por sua própria decisão, ela possui enorme força mental
E está se testando, assimilando seus medos, provando da sua própria dor
Analisei-a por duas semanas pude chegar a essa constatação
Eis aqui os relatórios, doutor...
*Baseado em: Persona (1966) – Direção: Ingmar Bergman