Olhar

Afrontada pelo olhar naveguei

na vereda estreita de mil emoções...

Eu, grânulo sequioso...

Você, porte intenso lançando-me um olhar...

E com que intensidade fui fulminada pelo seu ato!

Um olhar afetado, quase uma careta...

Ou arremedo de sorriso?

Um resquício de som exacerbado me liberta.

A criatura faminta dentro de mim inquieta-se.

Nas cascatas de anseio extravio meus referenciais.

E quem estará aqui depois? especulo

Como sobreviverei, então ?

Falo depressa pois meu tempo se esgota.

E constato, mais atenta, uma centelha

que vagueia fumegante

que teima em não se extinguir.

E não te contagia, que pena...

Avoluma em meu íntimo.

Miriam Brasil
Enviado por Miriam Brasil em 05/11/2006
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