VELHO MURO

Um velho muro de negras pedras, ancestrais

Velhas pela idade, já tão fracas e carcomidas

Recorda nostálgico as histórias de seus anais

Trazendo ao presente recordações esquecidas

Velho muro lutando em incontidos temporais

Com os elementos e tempestades enraivecidas

Sofrendo os cruéis e pesados flagelos sazonais

Ágil felino que morre e renasce em sete vidas

Velho e fatigado muro, de sofrimentos tais

Em que as esperanças já estão esmorecidas

Espera somente os derradeiros golpes fatais

Para as suas velhas pedras serem destruídas

Eis que surgem num desses bravos vendavais

Duas lindas florzinhas no velho muro nascidas

Com carinho elas se agarraram cada vez mais

No relevo das velhas pedras já tão corroídas

Do velho muro escorreram águas lacrimais

Ao contemplar as duas florzinhas aparecidas

Julgava-se sem vida, mas as brisas estivais

Semearam nas suas pedras duas novas vidas

E no velho muro renasceram mais e mais

As esperanças há tanto tempo já perdidas

Agora, fortalecido, escreve em seus anais

Que vive graças às duas flores aparecidas

2007

João Guerreiro
Enviado por João Guerreiro em 05/03/2011
Código do texto: T2829344
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