VELHO MURO
Um velho muro de negras pedras, ancestrais
Velhas pela idade, já tão fracas e carcomidas
Recorda nostálgico as histórias de seus anais
Trazendo ao presente recordações esquecidas
Velho muro lutando em incontidos temporais
Com os elementos e tempestades enraivecidas
Sofrendo os cruéis e pesados flagelos sazonais
Ágil felino que morre e renasce em sete vidas
Velho e fatigado muro, de sofrimentos tais
Em que as esperanças já estão esmorecidas
Espera somente os derradeiros golpes fatais
Para as suas velhas pedras serem destruídas
Eis que surgem num desses bravos vendavais
Duas lindas florzinhas no velho muro nascidas
Com carinho elas se agarraram cada vez mais
No relevo das velhas pedras já tão corroídas
Do velho muro escorreram águas lacrimais
Ao contemplar as duas florzinhas aparecidas
Julgava-se sem vida, mas as brisas estivais
Semearam nas suas pedras duas novas vidas
E no velho muro renasceram mais e mais
As esperanças há tanto tempo já perdidas
Agora, fortalecido, escreve em seus anais
Que vive graças às duas flores aparecidas
2007