Mais uma saudade astuta

Novamente em um dia qualquer, deparei-me defronte à

outroras lembranças.

Ao mesmo tempo ódio,

ao mesmo tempo saudade,

ao mesmo tempo vontade de um ópio amargo.

Ao mesmo tempo vontade de querer um corpo amado.

Tais elas são as que mais fazem-me tolerar um fim sem fim que espero.

Alguns retratos me choram,

outros me martirizam,

já outros me arrancam aquela velha e alta risada.

Por que eu estava ali, dedicando- me a desempoeirar

certas e velhas caixas, afim de lembranças qualquer?

Por que estava ali?

Ao invés de estar recitando exacerbados livros de Direito,

que sim,

me tomam conta por toda semana, meses,

e talvez por todo ano?

Porque eu apenas queria achar seu velho retrato,

para recordar os graciosos traços da sua atraente face.

Achei, sorri e chorei. Quase matei a serena saudade.

Me restou pegar aquela velha borra de café,

junto com aquela água ainda por não estar morna,

e fumar meu velho Hollywood, acompanhado de vodka quente,

por esse dia frio,

um frio intenso, um dia cinza,

que meu ser estava trêmulo,

e cada letra de seu nome estava em cada fragmento dos meus arrepios.

Ora, é injusto, sei eu, porém, min'h alma sentiu a falta dessas lembranças

nunca esquecidas, saudades nunca matadas e amores.

Esse amor, ah esse amor, tão cética sou, que nem cabe-me a resposta se creio.

Ah, amores, quase nunca vividos e jamais postulados.

Beijos dados com tanta exuberância,

diante dessa paixão,

Paixão sigilosa e sem rótulos,

paixão que amo, duvido, porém algoz.

Talvez possua uma loucura, não cultivo certas regras,

muito menos normalidades. Vilipendio essa paixão.

Talvez essa loucura lírica que me doma,

nem Freud com sua idéias realistas,

ao menos o velho “Che” possa explicar me meu motivo ideológico.

Por que não amo a quem ama-me? Porque as flores da primavera não floresceram ao meu jardim.

Não sei porque ando chorando,

não sei porque ando cantando, sorrindo, desejando.

Porém, talvez de tudo eu saiba:

é culpa desse amor, que nunca veio até a mim,

e cultuo não "sei lá" o porquê.

Marinara Sena
Enviado por Marinara Sena em 05/03/2011
Reeditado em 09/03/2011
Código do texto: T2830536
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.