Melodia de um poeta

Fiquei esperando na janela, subindo pela colina,

Esperando pelo dia onde tudo ia se for.

Onde realmente minha felicidade iria ter a verdadeira ênfase do amor.

Eu cantava,

e cada acorde do meu violão, era uma fermata de estrelas,

junto à um violoncelo que chorava por trás daquelas pestanas,

já por volta dos 70', violão espanhol que o fazia vibrar de felicidade,

ou sei lá o que.

Descobri que minha vida era monótona, claro, Clarisse também tinha uma vida não lá muito feliz, porém sua felicidade estava nas pérolas que recitava.

A minha está nos versos que minha canção aprendeu a evolar.

Talvez nessas partituras complexas ou nesses versos renomados que escrevo e herdei de Dolores.

Logo desfiz tal monotonia, não cabia-me cultuá-la.

Afinal, Dolores ficaria triste.

Aprendi a viver.

Aprendi a amar.

Viver sem regras, viver amando, viver sorrindo, correr atrás do barco mesmo ele já estando por altos velejos ,

Aprendi a chorar ,

viver cantando ao lado do meu velho novo violão ainda pertencente à Dolores, com seus acordes junto a sua voz branda e tal sanfona, era feliz e deixou-me seu velho relicário, aquele "Di Giorgio" de 1975, para que pudesse eu, lapidar.

Resolvi por que não, eu mesma viver minha própria felicidade?

Não preciso de regras, se quero fazer faço. Se quero amar, amo, se quero ir as encostas de certas montanhas por que não ir? Se quero arriscar, por que não? Quero apenas viver, fazer Dolores aonde quer que esteja, dar aquela alta risada , diante tais aventuras, ou quem sabe loucuras de uma pequena menina poeta.

Ando pensando nas manhãs que acordo, por volta da melodia acalanta que me embriaga ao som dos pássaros ainda por cantarem suas melodias matinais , pelo por do sol, ainda por nascer, ora, que poeta mais louca! Poeta que nem sei se me cabe. Ora choro, ora amo, ora odeio, ora jamais desisto, e ora? Cadê ela? Essa tal felicidade que não me bate, ao oposto, me envia o seu oposto: solidão. Ora, querida, não brinque assim comigo, afinal, você me pertence, não brinques com um poeta, afinal, preciso apenas de um tempo para pensar.

(Dolores foi uma grande boêmia dos anos 70, espanhola, violonista, pianista, gostava de tocar sua linda sanfona e sua escaleta, cantora, matriarca e pertencente a família Barreiro y Barreiro, de Madrid-Espanha. Dolores... Minha avó materna, que tanto admiro e lisonjeio, mesmo, a mesma não estando mais entre nós, e Clarisse, é a ilustre poeta quase recifense, Clarisse Lispector, que me dedico a ler seus maravilhosos escritos.)

Marinara Sena

07/03/10

Marinara Sena
Enviado por Marinara Sena em 07/03/2011
Reeditado em 01/08/2011
Código do texto: T2833506
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.