AS DUAS LOIRAS
As duas loiras
São como duas pombas
A voar sobre o horizonte
Além do rio Aqueronte
São um desejo imortal
De uma inconstante luxúria
Que as penetra com seus olhos
Mas urra de lamúria
As duas loiras
Parecem duas jóias
Com seus atributos à mostra
Com passos de duas galochas
São faceiras e simpáticas
Despertam o amor e a paixão
Andam sempre sinuosas
Como duas gazelas em vão
Seus sorrisos são magistrais
Suas bocas, cheias de frescura
Que enchem-nos o semblante de paz
E a mente, de grande loucura
As duas loiras
Chamam de todos a atenção
São como pilares andantes
Que nos arrastam à tentação
Elas nos iluminam
Tornam o dia mais claro
A chuva mais amena
E a noite mais serena
Com seu andar grandiloquente
Como duas vênus calipígias
Caminham sempre contentes
Como duas damas da Frígia
Seus corpos maliciosos
Moldam-se ao andar dos passos
Que perscruta todo o caminho
E todo o fluir do espaço
Ela nos deixam à loucura
Fisgam-nos com sua beleza
Que até a Deusa Afrodite
Invejaria tamanha grandeza
A beleza de seus corpos
Encantam até os fuxiqueiros
Que invejam suas roupas
Vestidas de modo faceiro
As duas loiras
São como duas alemãs
De compostura germânica
E a harmonia de duas irmãs
Elas singram de modo bravio
O caminho reto e lacustre
Foram, porém, protegidas
Por um cidadão tão ilustre
Que parecia ser o guarda-costas
De duas damas compostas
Dando-lhes guarida dos molecotes
E dos olhares fornicadores
E aquele trio errante
Adentrou as brumas ociosas
Na escuridão vacilante
Da lagoa misteriosa
E eu voltei pro meu lar
Depois de um longo caminhar
A pensar nas duas beldades
Que são a beleza mais pura
Em forma da pura verdade.