Poetas não morrem

Os poetas não amam como corsários.

Poetas não são dogmas...

Poetas choram pelas artérias da alma,

Sangrando, escrevendo cada verso de seu recito.

Poetas não só vivem de amores,

Poetas escrevem amores

Poetas sofrem horrores,

Escrevem dores.

Poetas suicidam, poetas tomam porres,

Poetas são,

Simplesmente, simples poetas.

Assim como eu, poeta louca talvez.

Com meu chimarrão amargo ao lado, por essas linhas já tortas

Pelo êxtase de calmantes intediáveis,

Esperando pelo doce do amor que me cega.

Esperando tua volta que me cerca.

Odiando decifrar teu encanto.

Poetas sofrem, se é pra sofrer, sofra.

Poetas choram, se é pra chorar, amanheça o dia se for capaz,

Derrame lágrimas de um sentimento abstrato qualquer

Que as fazem cair sobre seus cílios.

Poetas vivem. Vivem a flor da pele.

Poetas esperam ligações de pessoas erradas, que na verdade,

de tanto cansaço a espera,

acabam sendo as certas,

poetas persistem.

Poetas como eu, ora chorando veneno, ora cantando enredo.

Tal veneno perspicaz, não sei se por ti,

não se por ali, naqueles jardins de uma rosa de espinho amargo.

Tal enredo, não sei se por novembro,

não sei se por janeiro.

Poetas vivem de porquês.

O porquê que procuro pela ligação não recebida,

Pelo beijo não dado,

Pelo choro preso nas entranhas de meus olhos.

Pelo abraço acalanto em braços quentes que confortam.

Pelo conforto que dei, e nada em troca me veio.

Por que poetas são poetas?

Se bem me lembro, novembro já passou,

e não me veio decifrar tal história linda que encantou.

Mudei as letras, as roupas, os acordes,

sapatos, cores,

E aonde está o simples corresponder de um tom grave de uma voz?

Da voz que espero nas noites debaixo das plumas de meu travesseiro.

Poetas tem respostas.

Poetas transformam tristezas amargas em doces,

felicidades falsas em sinceras.

Porém dessa vez, perdoem-me minhas valsas e boleros tão clássicos, que me acalmam junto meu clarinete,

porém, não tenho tua, minha resposta.

Se preciso fosse, faria tudo outra vez,

Porque poetas vivem, afinal, amanhã o sol já não pode mais brilhar, e como ficam as linhas de certos rabiscos sem ao menos um poeta decifrar?

Poetas não vivem amanhã, poetas são hoje, poetas não morrem.

Viva, seja seu hoje, seja sempre como um poeta.

Marinara Sena

23:54pm

09/03/11

Marinara Sena
Enviado por Marinara Sena em 10/03/2011
Reeditado em 25/10/2016
Código do texto: T2838485
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