MINHA VIDA
Minha vida é um grande vazio
O mar desbotado secou
Evaporou-se o fecundo rio
Minha chama apagou
Estou perdido no deserto
Não há sinal de vida
Nem viv'alma por perto
Minha vida é uma matriz perdida
Sinto-me sem esperança
Meu sorriso foi embora
Apagou-se aquela criança
Que um dia já fui outrora
A vida sempre foi dura
Caminhei por pedras e seixos
De uma doce criatura
Tornei-me uma roda sem eixo
Vago perambulando
Com os pensamentos a mil
Minha mente sempre vagando
Como uma fera em seu canil
Não vejo um sinal de luz
Neste poço tão profundo
Clamo pelo Mestre Jesus
Que me tire deste lugar imundo
O inferno não está lá embaixo
Está em nossa mente turbulenta
Sem a qual não me encaixo
Nessa vida qual uma grande tormenta
Sinto-me só e abandonado
Como uma tropa sem retaguarda
Mas minha fé de soldado
Me conforta para o que me aguarda
Tenho que acreditar no Criador
Que Ele não me desampara
Que me conforta em qualquer dor
E cada sofrimento que apara
Pois a fé e a paciência
São duas grandes virtudes
Do homem e sua consciência
Pois fiz tudo o que pude
Onde está minha quintessência?
E a voz da aurora
Que roga por clemência
A cada dia e a cada hora?
O que é a realidade?
O que meus olhos enxergam?
Com lágrimas de piedade
Que as dores envergam?
Ou será a sinfonia
Da Música das Esferas
Sem cuja harmonia
Somos bestas e somos feras?
Não estou mais solitário
O Vento do Norte soprou
E sussurrou solidário
o que minh'alma tanto clamou
Que devo ter esperança
E uma profunda paz interior
Que da minha adulta infância
Conserva o mais íntimo amor
Não se trata do fogo luciférico
Das loucas paixões humanas
Mas o do Plano Etérico
E do Pai que a tudo emana
Somos semente que germina
Somos o Sol em seu lugar nascente
Nem tudo que morre, termina
Pois toda matéria é consciente
Somos Lua em seu Quarto Crescente
Que se conjuga com seu esposo Sol
Do meio-dia ao cálido Poente
Como dois metais em crisol
E a vida segue fluindo
Como um rio maratonista
Como uma caça que está fugindo
De um caçador sempre na pista
Pois o fluxo da vida é andar
Tudo passa e se repete
Como uma cantiga de ninar
Até a hora do último teste
Não sou um ator de monólogo
Sou parte do grande palco da vida
Vivo cada instante e chego logo
À hora da minha despedida.