O Silêncio do Instante


Ainda sinto a dor do gelo
Como a faceta de uma pedra
No teu beijo de ausência.

Senti ser o canto último
De quem se deixa ser íntimo
No silêncio do instante.

A melodia imóvel no corpo
Sem sentir o riso da noite
À deriva sem um porto.

Ocultando o rosto em lágrimas
Que de vida hoje é morte
Entregue à própria sorte.

Lançaste teu raio mais frio
Anestesiando o gesto, o sonho!
Tornando indiferente os beijos teus.

Não me abriga a desventura
A flor na sombra ainda dura,
E floresce pétalas de paixão.



06/11/06