Na janela
Ainda sinto o velho cheiro molhado.
O furo pela traça,
no papel daquela partitura.
Os poucos velejos por aquele mar salgado,
me deixando calado,
me levando roubado.
Aquela velha chuva de janeiro,
caía sobre minha janela.
Queria aquela quimera...
Esperava tua volta sincera.
Cheiro da terra molhada,
Lua que se esconde calada,
naquela rua plácida.
Naquele tempo cinza.
Ora, naquele lugar,
aqui neste lugar.
Paz vira tédio,
Silêncio, já não é meu teto,
de tortura alimento-me.
Solidão cruel,
sofrimento meu,
tédio,
ódio,
roncos...
Porém, amo ali.
Porém amo a ti.
Preso naquele lugar,
velho,
lugar velho,
naquele velho lugar alegre,
onde fez de m'ha dor,
a mais pura beleza.
Marinara Sena
19-01-10
08:03pm