Até amanhã...

    Mas,o amanhã... Talvez não nasça,
    O amor que hoje  em mim não cabe
   Amanhã, ao ver-te ao sol,acabe
   E de à luz uma  flor sem graça

    Pode ser que o amanhã
    Seja um suspiro breve,
    E a esperança temporã,
    Um verso que não se escreve

    Até amanhã,
    È muito,muito tempo,
    Tempo demais... E o agora
   È um beija-flor ao vento
   Pode não chegar à aurora...

   O imponderável espreita
   No intervalo das águas
   E o mundo, porta estreita
   Desvela o curso de mágoas....

   De um pássaro negro sem asas
   Forjado em noite insubmissa
   Nasce nos olhos em brasas
    O varaz desejo que atiça...

   Até amanhã
   È uma eternidade...
   Mas, o instante, em doce afã
   Conclama... Vem e arde!