INSÔNIA

Não consigo dormir

Morfeu me abandonou

Escuto a escuridão fluir

E o canto da coruja em vôo

O grilo canta piamente

O silêncio preenche o meu quarto

E interrompe o processo da mente

Enchendo-me cada canto e espaço

Ouço o latido do cachorro

Que parece não ter fim

Se eu fosse como o Zorro

Entraria na lâmpada de Aladim

Sinto o vento bater em meu rosto

Não o vento da noite pálida

Mas do ventilador do meu gosto

Que torna minha vida menos cálida

O grilo continua a cantar

Ah quem dera que eu pudesse

Passar a noite num lupanar

E me livrar de todo estresse!!

O grilo parece uma buzina

Tem energia pra noite inteira

Com sua cantiga que trina

É minha noctívaga companheira

O silêncio da madrugada

Deixa-me mais atento

Cada ruído é uma pancada

E cada chilrear é um vento

Sinto-me um habitante noturno

Como um zumbi, que é um pária

De um panteão tão soturno

Que vive sua noite diária

Onde estás tu, ó Morfeu?

Por que me abandonaste?

Quero uma dama nos braços meus

Que a mim tão recusaste!!

Não consigo pregar os olhos

Minhas lágrimas ressecaram

Minha mente vive um imbróglio

Meus pensamentos tropeçaram

Nem uma companheira me deste?

Ó Morfeu, tão abençoado!!

Vago de Leste a Oeste

Ou apenas de lado a lado

Como posso conquistar o meu sono

Se meu corpo não me obedece?

Parece um cavalo sem dono

Ou um pagão sem uma messe!!

Morfeu, por ti clamo

Dá-me uma noite inteira

Pois és meu senhor e meu amo

E eu caibo em tua algibeira

O sono que eu tanto almejo

Quero dormir com os anjos

E receber nos sonhos um beijo

De uma dama tocando um banjo

Oro pelo sono e não sinto

Meu corpo me dá uma rasteira

Que mesmo no umbral do infinito

Não passo da hora derradeira

Talvez um pouco de éter

Me faça dormir qual criança

Peço à Deusa Deméter

Uma noite de bem-aventurança.

Pedro Ernesto Prosa e Verso
Enviado por Pedro Ernesto Prosa e Verso em 15/03/2011
Código do texto: T2849070
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