Olhos falantes
Alguma coisa de mágico
Havia naquele vaso de cristal
Lembrava os olhos de minha mãe
Olhos que me diziam
Olhos que a tudo via
Sabia dos lagos
Dos números e das estrelas
Tudo de mágico havia naquele vaso.
Da estante ele me olhava
E me indagava uma reação
Eu só recordava dos olhos que me diziam
Ele era belo
E estava no alto
Quilômetros que meus olhos escalavam
Os olhos cada vez mais perto
E o vaso cada vez mais mágico.
Tinha de tocá-lo
Roubar-lhe a magia
A velha Toshiba estremeceu
O galo português estava azul de mudo
O grosso Cervantes despencou dos moinhos
E eu era agora Pandora.
Meus olhos agora eram cristais
Cervantes lutava com alguns bibelôs
Da sala ouvia-se o latido do Bummer
Pandora corou-se de medo
A caixa se abria
E a magia misturou-se a Cervantes
Nos gritos que os olhos dizia.