A RELIGIÃO DE COZINHA

Dizem os asseclas

Da Religião de Cozinha

Que quem come, peca

Essa é a sua ladainha

São eternos vigilantes

Dos amantes da boa mesa

Vigiam cada refeição ruminante

E o prazer da sobremesa

Não toleram em seus magros pratos

Qualquer forma de gordura

E vigiam com seus olhos fartos

Qualquer vestígio de fartura

Fazem de cada refeição

Que para uns, é afável

Um momento de grande tensão

E um fardo insuportável

Estão sempre insatisfeitos

Com o corpo magro que ostentam

Querem ter corpos perfeitos

E conquistar a perfeição, eles tentam

Exigem sempre de si

Como soldados de vida regrada

Uma comida sem sal e sem gosto

Mas com gosto de vida parada

Exigem sempre do outro

Uma saúde perfeita

A esbeltez de um sofrido corpo

E uma gordura tão rarefeita

Mas a saúde é como o dia quente

Dura como o sol a pino

Morre como o sol poente

Qual o dia que está findo

Não há refeição tão frugal

Que possa prolongar uma vida

Além do limite, é fatal

Sofremos uma grande descida

A morte vem para todos

Para os sadios e esbeltos

Para os glutões e os gordos

E para os que vivem de modo tão reto.

Pedro Ernesto Prosa e Verso
Enviado por Pedro Ernesto Prosa e Verso em 20/03/2011
Código do texto: T2859478
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