Poeta eu

Chamam-me louco.

Acho pouco, até.

O fato é que sei ser homem com a força de uma mulher.

Desdobro-me em mil facetas sem perder a virilidade.

Quem sou eu?

Sou aquele que não tem idade

cujas marcas na pele não denunciam o tempo

e cujo olhar não demonstra sentimento.

Minhas feridas não são doloridas. Acostumei-me.

Minhas dores são secretas.

Não venho pra confrontar.

Não venho pra combater.

O que faço é repensar...

A luz fere meus olhos

já tão cansados das visões distorcidas

deste mundo que é tão grande.

Mas o dom da ilusão a mim

não foi concedido.

Então que fazer?

:

deixar a loucura escorrer

por estas veias de sangue tão profundo.

E seguir errando pelo mundo.