O DIVINO E O BARDO
O Divino divide o vinho
Com o bardo, seu vizinho
E flerta com o sopro
De vida, virtuoso
E o verbo se fez carne
E da palavra, o universo
O Cancioneiro da Verdade
Cantou em um único verso
Vamos brindar o mistério
E fazermos um escambo
Dou-te o meu Império
Dê-me um ditirambo
Escreva uma ode
Em celeste homenagem
Ao Mercúrio, este pode
Numa cósmica carruagem
Cante uma sonata
Para a Estrela Polar
Sua pena arrebata
Do astro, seu olhar
Invente um estribilho
Para o Dourado Astro-Rei
Com seu ardor e intenso brilho
Ele obedece minha Lei
Cante serenatas
Por cada estrela infinda
Cintilantes acrobatas
Dão-lhe boas-vindas
O verbo se fez presente
Na aurora do Universo
E a Cósmica Mente
Criou sua obra, imerso
Num profundo transe
Formando cada imagem
Fruto de sua entranha
Numa cólera selvagem
O Divino e o bardo
Brindaram a Mantéia
O Divino – com seu brocardo
E o bardo – com sua panacéia.