A MANGUEIRA DA MINHA INFÂNCIA

Em priscas eras perdidas

Dos meus sonhos pueris

Tive uma infância vivida

Uma vida flor-de-lis

Embaixo d’uma mangueira

Brincava inocentemente

Vivia sem eira, nem beira

Nem me julgava gente

No sítio d’um distante parente

Brincava com muito afã

Saltitava inconsciente

Na longínqua Canaã

Tenho vagas lembranças

Das minhas brincadeiras

Pulava como criança

À sombra de uma mangueira

Subia em seu tronco hercúleo

Parlava a imaginação

Por entre as folhas, cerúleo

Era o firmamento da visão

Foi debaixo da mangueira

Que dei o primeiro ósculo

Em minha prima brejeira

Tornei-me um anjo másculo

E da manga saborosa

Senti seu agridoce gosto

Descrevo seu fruto em prosa

E sua poesia em tira-gosto

A mangueira e seu fruto

Minha árvore, minha infância

Crescia como um pé-de-adulto

Amava como um pé-de-criança.

Pedro Ernesto Prosa e Verso
Enviado por Pedro Ernesto Prosa e Verso em 21/03/2011
Reeditado em 21/03/2011
Código do texto: T2861826
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