O QUE EU NÃO VEJO

Cuida que o teu olhar

Quando fica assim

Sem curvatura

E o todo-teu semblante

Se enevôa

Fosse assim

Feito outra pessoa

Que eu desconheço

E nem tenho apreço

O que de teu em mim

Fica sem endereço

Cuida que não são quimeras

São apenas sonhos que não têm tabelas

Nem perdas, nem ganhos

Nem feras

Que não fazem contas

(Nem são faz-de-conta)

Sem juros, sem juras,

Sem féria.

Urgentes,

Depois de esperar

Tantas eras.

Cuida que que o tamanho da gente

Depende do que a gente invente

Depende do quanto se sente

(Do quanto se ousa e se dá)

Cuida que o cuidado é tudo

E o descuido mudo

Mora lá

No fim-do-mundo

(Onde ninguém quer estar)

Dalila Langoni
Enviado por Dalila Langoni em 10/11/2006
Reeditado em 10/11/2006
Código do texto: T287190