Beira do Rio

No cerco à liberdade,

brota uma relva criança.

Componho canção de verdade

e dela nasce uma dança.

Faço um discurso rasante

mas tropeço em consoantes.

Consigo dar o recado,

agitando uma bandeira.

O outro do outro lado

do rio, chega na beira.

Ele acena com alegria,

eu choro e rio pro rio.

Aceito algumas algias

como partes dos meus dias.

Vêm do tempo que insiste...

O tempo, nem sei se existe.

Quem sabe é convenção,

quem sabe contravenção.

O tempo é cheio de horas,

e ora ficamos calados

por esperança ou demora,

ouvindo cantos de idas.

Que a grande festa da vida,

é festa de casamento

e, se depois vem finados,

antes vem o nascimento!

Porisso eu choro e rio

aqui na beira do rio,

que veio de pequena fonte

e corre... corre macio,

buscando um grande horizonte...

que é o mar... infinito da fonte