ESTRANHOS CONTERRÂNEOS

Os termos usados indicam os conterrâneos

Ilhados pelos fortes braços dos ciúmes

Talvez um mergulho nos escuros subterrâneos

Livre-me do golpe da espada de dois gumes

Concorrente sem a identidade revelar

Faze-me sofrer no planalto dos cumes.

Tentar encontrar aquilo que não se conhece

É como sonhar uma impossível realidade

Situações alheias dos desejos camuflados

Amarrado pelo cordão de uma fatalidade

Por andarem nas mesmas veredas conhecidas

Atletas de um jogo que não tem modalidade.

O presente não propício revela situações

Embaraçosas para quem nada pode fazer

Amarrado ao elo de um sereno compromisso

Vinculado ao reino hoje chamado prazer

Sombras sobre os fatos nunca revelados

Para um passo é necessário os cálculos refazer.

O passado, túnel das adormecidas memórias

Berço das imutáveis situações bem vividas

Calabouço de arrependimentos tardios

Das ações inescrupulosas e devidas

De uma época que passou a não voltará

Mesmo que gere sofrimento em nossas vidas.

O futuro, terreno ainda não habitado

Sem detalhes, ensaios, berço de cores

Talvez seja um dormitório de prazer

Talvez seja um ninho cheio de dores

Trevas ou luz quem pode adivinhar

Se não conhecemos a língua dos amores.

Nebuloso, é o meu infantil desejo infrator

Que não conhece o limite de ser discreto

Sem saber ao certo onde possa encontrar

Uma lei para se elaborar um decreto

Exigindo a queda do muro intransponível

Mais forte que vigas de ferro e concreto.

É permitido sentir o ciúme andar nas veias?

Sem saber quem seja o ser intrometido

Já não basta imaginar um rosto oculto

Talvez se esconda por ser comprometido

Assim como o poeta que nada sabe

Se no passado para alguém foi prometido.

Antonio dos Anjos
Enviado por Antonio dos Anjos em 30/03/2011
Reeditado em 30/03/2011
Código do texto: T2880592
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