DEDICATÓRIA

Corre em meu sangue, suave,
dor tão fluída e antiga
que mais parece cantiga
com rimas universais.
Mesmo dor tem vôo leve
e algazarra de pardais.

Não é apenas saudade
mas tem quê de nostalgia,
azul de perenidade,
mãos se atando em fantasia
de homens de boa-vontade.

Chuva que a terra ativa,
semente rasgando a vida
sombra de vela acesa
desenhando a incerteza
no meu olhar de criança
de alma penada ou magia
faz-de-conta ou não fazia
chocolate com esperança.

Rastro que oculta a meta
desta caminhada incerta
saltimbanca trajetória.
Brisa firmando a certeza
dos sonhos da adolescência
véus de virgem, transparência.

Aves de arribação
em busca de sorte e norte
asas de amor-consorte.
Nuvem esculpindo em intenção
paixão-folhetim que estanca
o final feliz em branco.

Entre a vigília e o sono,
a proteção do abandono
de um pai__ a dedicatória
em seu silêncio de morte__
sonha-me em sua memória
e ainda me conta histórias.
Elane Tomich
Enviado por Elane Tomich em 28/06/2005
Reeditado em 24/11/2013
Código do texto: T28833
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