A pureza é um mito

Guardo essas fotos há tanto tempo

Que consigo sentir o seu calor presente nelas

Essas imagens são tudo o que possuo de ti, agora

Nós dois rindo, brincando, nos divertindo...

Ah, como era lindo o seu sorriso, o seu cabelo dourado

Quando a chuva caía e o céu desmoronava

Você voltava...

... Voltava para o meu lado em busca de conforto.

Tirava-lhe o medo do seu semblante

E a mim, se entregava, como uma amante

Eu sempre me mantinha perto dos seus medos

Doravante, você declinava em meus braços e gemia baixinho.

Mas, o medo se irrompeu do seu caminho

Finalmente, encontrou a coragem para enfrentar a vida

Sozinha...

Não mais se sentiu perdida no escuro.

Entre lembranças e fotos, eu murmuro

Pensando em você, como costumava ser nossos encontros

Logo cedo, lentamente, percebo uma lágrima cair

Agora, sou eu quem vivo sob o jugo do medo.

Escapaste de mim em silêncio

Estás nos braços dos anjos que domaram suas quimeras

Depois que dominaste o pavor, só vive de ilusões e pureza.

Lembro-me de Oiticica que nos disse:

“A pureza é um mito”

Então, abro meus olhos, olho para o céu e te procuro no infinito.

*Hélio Oiticica (1937 – 1980), foi escultor e artista performático.

Ele é considerado o pai do Tropicalismo.

Marciano James
Enviado por Marciano James em 01/04/2011
Reeditado em 03/02/2015
Código do texto: T2883634
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