A Última página

Meus amigos,

Seguiram outros rumos,

O romantismo se perdeu.

Não há mais estrelas no céu,

A sombra da tarde,

As esquinas da rua,

O brilho dos olhos,

O verbo da boca...

Tudo se perdeu.

Tudo se perdeu no tempo,

Que não volta mais.

O presente é algo ausente,

É uma falta que não acaba mais.

É um vazio inconsequente,

Uma saudade latente,

Cujo silêncio anuncia,

Sem piedade, que é tarde,

Que não tem mais volta,

Que é deserto,

E que as flores do caminho há muito que morreram.

O sorriso da boca balbucia, entre versos e dores.

Dores que exaurem qualquer força.

Reportando ao que sobrou de vida,

A liberdade pela morte é agora uma guarida.

Não é um descompasso,

Não é uma oferta nociva a esperança,

É uma lembrança, pra que a vida,

Pra que nós mesmo não nos esqueçamos de quem fomos,

De quem somos e a capacidade de erguer

Na poeira uma cidade bem iluminada.