A morte e eu

Vejo um vulto escondido atrás de velho morro,

ouço um grito inquieto vindo de lá, cessante e bem agudo,

ofereço ajuda com palavras finas de minha boca tímida,

estava descalço naquele chão quente, longe de casa, terrível medo e dor.

Recitei meus versos, no meu linguajar maduro, bem ligeiro,

tornei-me pleno e voraz naquele instante, sinistro momento,

minha sombra se esconde, em volta de mim ecos, ecos somente.

Uma música teria feito mais efeito, uma voz um tanto rouca talvez.

Era a morte que apareceu tão bela e sorridente pra mim,

fez um aceno, fazendo escurecer o céu com nuvens cinzas,

o morro tremia, o vulcão nascia, larvas tomavam o morro a baixo,

brilhavam feito pedras de brilhantes e tinha um barulho ensurdecedor.

O pequeno vale se transformava em treva, meu lábio tremia, mudo,

torcia para minha coragem correr dali,

o inferno tomava conta, trazia a tona velhos deuses,

almas gritantes em desespero, eu temi novamente.

Num giro mágico, encontrei-me à frente de um abismo,

minha lucidez virgem, meu pensamento ausente,

minhas mãos frias desapareciam feito pó, depois todo o corpo,

era o encontro com o mestre, eu já não era um sábio homem.

Em minutos o silêncio reinou devagar, tudo já era em forma de flores,

o abismo se tornara um imenso espelho e eu pude me jogar,

as almas dos meus deuses evaporavam no céu,

eu tomava um outro corpo, sem formas exatas, sem cor e lindas asas.

A morte tomava outro rumo, indo ao Norte,

eu seguia pelo céu tomado de estrelas,

era o caminho mais curto agora.

A morte e eu, tentando chegar ao encontro com Deus.

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Sulla Mino
Enviado por Sulla Mino em 07/04/2011
Código do texto: T2894295
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