Então Escrever...

Escrever é tão simples e tão profundo...

Escrevo porque me acolhe o papel

E sorvem seus poros cada gota de pranto.

Porque nele cabe meu brado iracundo...

Por ele, vertem rotas mil pro meu batel

E dele nunca se teme o espanto.

Não reputo hábito, porquanto é necessidade.

De meus traços não se fizeram frutos,

Raízes tampouco me restam.

Os sonhos, migrados à veleidade,

Todos mortos, agora sepultos,

Só servem ao ar que ora empestam.

Direi um vício, algo que me consome,

A dor da angústia que se faz alimento.

Assim, cáustica, se faz cada linha.

Vale-me, poeta, cada espírito que me tome,

Não obstante as feridas, o tormento...

Em suma, diria a pungência da dor amiga minha.

Éder de Araújo
Enviado por Éder de Araújo em 12/11/2006
Reeditado em 08/07/2008
Código do texto: T289547
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.