Metáfora para um fim
Uma escama cai do peito dela e murcha.
Na minha pele, os pelos se misturam com a água.
Meus dentes trincam uns nos outros
Enquanto sua gengiva se retraía, apavorada
Naquele apartamento não cabia nós duas
Mastiguei a carne e engoli.
Ela tomou um gole do leite já podre.
Era resistente. Ela podia fazer isso.
Acabei esmagando a mosca que nos incomodava
Enquanto ela fazia as malas e descia do salto
A escada. Eu a conhecia bem, a mosca.
Ela arrepiou a pele de réptil e caiu.
Acidente, eu estava em casa, tomando água.
Tudo o que sobrou do meu amor foi o leite vomitado.
Nem chorei, seria mais difícil
De digerir a carne dela, claro.