Realengo

Baratinado,

Perturbado,

Não se pode dizer que não era um coitado.

Porém muito educado,

Passou pelas grades da escola,

Dizendo em boa hora,

Bom dia meu senhor!

Sou ex-aluno desta escola.

Pra professora e para os alunos,

Meus amigos,

Muita atenção, por favor...

Vou fazer uma palestra.

Crianças,

Crianças...

Com sorriso nos olhos,

Com pureza na alma

Estavam atentas aquele rapaz que se apresentou.

Palestrante meu senhor.

Sacou da mochila de estudante,

Uma arma de assaltante.

Com o olhar calmo,

Frio,

Sem coração,

Com as expressões no vazio,

Com as mãos firmes...

Meu Deus que horror!...

Pareceu filme de terror.

Atirou contra aquelas crianças,

Matou uma a uma,

Fez pausa,

Falou sozinho.

Entrou noutra sala e descarregou...

Matou, feriu outras criancinhas.

Em toda a sua nociva energia,

Adoeceu de dor o Brasil.

Não importa se foi no Rio.

Isso tudo é um presságio,

Desse caos com ágio.

Se antes não se conseguia pensar,

Vamos discutir já essa Educação,

Vamos discutir essa saúde,

Vamos falam em família,

Vamos falar em religião

Vamos rever já essa violência,

Que não param de matar,

Pois que com toda a decência,

Há que se inferir, no final das contas que todos nós temos culpa.

Não adianta chorar, adianta a gente fazer tudo isso mudar,

Para que nunca mais volte a acontecer.