CANÇÃO SULAMÉRICA
CANÇÃO SULAMÉRICA
Sergio Pantoja Mendes
Meu canto dizia mil faces de mim,
que todas, levitavam ao vento da prosa
e se embalavam ao sonho da poesia,
como se embalam, suaves ou em fúria,
as areias dos desertos solitários
e as vagas encrespadas de dois oceanos...
E cada das faces estava na minha América...
E cada das faces estava no meu País...
E segue sempre esse canto comigo,
guardado nas entranhas da minha vida.
Sombrio como a noite diurna dos temporais,
mas premente de gritos sem medo,
de risos gentis e de mãos que se dão...
E passarão muitos anos e séculos,
mas meu canto restará então livre,
impregnando de rimas e sonhos,
minha América amada
e impregnando de poesia, este meu País...
Mas ó em mim este canto está sufocado,
lá dentro do peito de imensa amplidão,
é um canto moreno, América morte...
É um canto caboclo, Brasil liberdade...