CANÇÃO SULAMÉRICA

CANÇÃO SULAMÉRICA

Sergio Pantoja Mendes

Meu canto dizia mil faces de mim,

que todas, levitavam ao vento da prosa

e se embalavam ao sonho da poesia,

como se embalam, suaves ou em fúria,

as areias dos desertos solitários

e as vagas encrespadas de dois oceanos...

E cada das faces estava na minha América...

E cada das faces estava no meu País...

E segue sempre esse canto comigo,

guardado nas entranhas da minha vida.

Sombrio como a noite diurna dos temporais,

mas premente de gritos sem medo,

de risos gentis e de mãos que se dão...

E passarão muitos anos e séculos,

mas meu canto restará então livre,

impregnando de rimas e sonhos,

minha América amada

e impregnando de poesia, este meu País...

Mas ó em mim este canto está sufocado,

lá dentro do peito de imensa amplidão,

é um canto moreno, América morte...

É um canto caboclo, Brasil liberdade...

Sergio Pantoja
Enviado por Sergio Pantoja em 13/04/2011
Código do texto: T2907037
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