Noite traiçoeira
“...Uma vela perdida no horizonte / E o azul que foge cada vez mais longe... / Ilusão de minh’alma” (Da Costa e Silva)
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No meu telhado
repousavas tua traição.
Tentei fugir nas pardas formas da noite,
Escondendo-me do amor
- Calmo e de açoite!
Mas sorvendo os gole da tua ingratidão.
Ontem,
tua fruta maquiada na macieira,
Seduzia-me em pecado,
- Na noite tê-la!
E negava-me à tua maquiagem,
-Por sê-la!
A perdição da tua tentação primeira.
Hoje, tua alma
respira a fluidez morta...
Dos podres frutos da tua vida rasteira;
Já sinto uma doce brisa que vem ligeira!
Nessa nova alcova,
uma outra alma à mim conforta;
E o meu passado de dor,
- Já menos importa!
Sem antigas marcas da noite traiçoeira.