Simplesmente saudade...

Sonhos fragmentados, névoas perambulando pelos arredores

e o dia escurecendo aos poucos pelo pôr-do-sol.

A penumbra, como gigantesca mão talhada em nuances de bronze,

desce atrás de horizontes nos confins do céu e,

entre os pássaros silenciosos,

vapores encobrem espaços do mundo,

fundindo-se em uma única e imensa imagem.

Múltiplas sombras, como fantasmas unidos,

sobressaem-se nas linhas infindáveis da escuridão,

acolhendo a noite e aguardando a aragem fria que antecede o amanhecer.

Passos curtos, sem destino, marcam a espera do dia

que morre pelo que vai nascer.

Onde as emoções e todas as ilusões enviadas para um encontro?

Espiando dunas que se movimentam imperceptivelmente,

disfarçando ventos para trocarem de lugar

ou embaladas pelas espumas que o mar deposita

aos pés de mais um luar enamorado?

Forças indomáveis emergem de visões inesperadas,

torres imaginárias adquirindo estranhas formas

e a coragem do pensamento voando em direção ao sol,

querendo interceptar seus últimos raios dourados

e banhar-se na luz que consegue imitar a vida,

vencendo a distância entre o que está tão só.

E no encontro do olhar ao infinito que se estende,

marcando a despedida e as lembranças da face querida, embalam-se incontáveis ondas de ternura,

aconchegando a alma em rastros de saudade,

dolorosa e lentamente, invadindo o entardecer.(IDA)

Ida Satte Alam Senna
Enviado por Ida Satte Alam Senna em 16/11/2006
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