para Celan
Uma estrela tem de certo ainda luz.
Nada,
Nada está perdido.
- P. C. -
aquela manhã
se digo aquela
já perco algo nisso
talvez
a claridade pela janela
as mãos assumindo riscos
contra o mundo
deixamos de ver o vermelho do coração
e os nomes da esperança nos olhos dos nossos companheiros
nosso suor é vapor barato
comercializado em esquinas estrangeiras
o sonho
feito de silêncios
em horas perdidas ao desengano
lapidar a pedra, os sentimentos, o ouro
e de novo o sonho
porque ainda restam lágrimas por chorar
palavras que não foram ditas desde o mar
nascente do infinito
onde eu fico
junto aos últimos tons de lilás desta tarde
digo desta
para não perder nada
mas
tudo foi perdido
a pedra, o ouro, o suor
e de novo o sonho
pois
“nada está perdido”